O Brasil deve bater novo recorde de vendas de carros eletrificados, fechando 2022 com cerca de 50 mil emplacamentos – 40% acima do número de unidades vendidas em 2021, conforme dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
De acordo com a entidade, as vendas de veículos leves desse tipo no Brasil tiveram, em novembro, o segundo melhor mês do ano, com 4.995 unidades emplacadas, só superadas por setembro, quando foram emplacadas 6.391 unidades.
O total de vendas de janeiro a novembro chegou a 43.658 unidades, 25% acima dos 34.990 de todo o ano passado.
Até novembro, as vendas de eletrificados tiveram aumento expressivo de 43,4%, em comparação com o mesmo período de 2021.
Em contraste, as vendas totais de automóveis e comerciais leves no mercado doméstico caíram 1,43% entre janeiro e novembro, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Mobilidade elétrica em expansão
Os veículos eletrificados incluem os elétricos leves híbridos (HEV, na sigla em inglês), elétricos híbridos plug-in (PHEV) e elétricos 100% a bateria (BEV), sendo compostos por automóveis, comerciais leves, SUVs e utilitários.
Isto é, os dados compilados pela ABVE não abrangem veículos elétricos pesados, como ônibus e caminhões, nem veículos elétricos levíssimos, como motos, e-bikes, patinetes e monociclos.
Atualmente, 40 fabricantes de veículos disponibilizam um total de 119 modelos leves eletrificados no Brasil, segundo a entidade.
“As vendas de novembro confirmam a tendência de alta do mercado de eletrificados leves no Brasil, que cresce consistentemente há mais de três anos”, diz o presidente da associação, Adalberto Maluf.
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Apesar do recorde de vendas, “ainda estamos distantes dos principais mercados em eletrificação”, pondera.
O executivo lembra que as vendas globais de elétricos plug-in (BEV+PHEV) saltaram de 8,6% para quase 15% de fatia de mercado no mundo este ano.
“China e Alemanha já ultrapassaram os 30%, e a Europa deverá superar os 21%, na média”.
“Temos muito a caminhar para criar no Brasil um ambiente realmente favorável às energias limpas no transporte. Precisamos, urgentemente, de um plano nacional em prol da mobilidade elétrica”, avalia.

Bombas de calor
O aumento contínuo da frota global de eletrificados mexe diretamente com a cadeia de suprimentos da indústria automotiva, incluindo os segmentos de compressores e fluidos refrigerantes, cenário que aumenta a necessidade de atualização dos mecânicos de refrigeração nas oficinas.
A avaliação é do engenheiro Sérgio Eugênio da Silva, presidente do Departamento Nacional de Ar Condicionado Automotivo da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).
“Globalmente, isso vem ocorrendo desde 2012, quando o Nissan Leaf tornou-se o primeiro veículo elétrico produzido em massa a oferecer gerenciamento térmico por meio de bomba de calor, proporcionando à indústria um sistema altamente eficiente de conforto térmico para cabines”, lembra.
A tecnologia rapidamente ganhou aceitação, especialmente entre fabricantes europeus, como Jaguar, BMW e Volkswagen. Hoje em dia, cada vez mais, os carros do gênero vêm projetados de fábrica com bombas de calor dotadas de compressores elétricos para aquecimento e arrefecimento de ambientes.
Enquanto o ajuste de temperatura e o fluxo de ar num sistema de climatização que utiliza compressor com correia é relativamente limitado, no ar-condicionado elétrico é possível fazer a regulagem da temperatura com precisão. Em modelos dual zone, é possível até mesmo selecionar temperaturas diferentes para o banco traseiro.
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“Ao contrário do que os leigos no assunto possam pensar, as bombas de calor não geram calor. Em vez disso, elas transportam energia térmica de um lugar para outro – absorvendo o calor do ambiente externo e transferindo-o para a cabine a fim de aquecê-la, ou removendo o calor da cabine para resfriá-la”, explica o especialista, para quem a transição para veículos elétricos já deixou de ser “uma simples promessa de futuro para se tornar realidade tangível”, uma vez que “os eletrificados evoluíram e agora não são apenas uma opção de aquisição para entusiastas ecologicamente engajados”.
A fim de tornar esses veículos cada vez mais aceitáveis, acessíveis e atraentes para um número crescente de motoristas profissionais e amadores, “novas tendências estão surgindo para apoiar fabricantes e também ajudar o setor a cumprir requisitos regulatórios, entre os quais a Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal, acordo internacional que visa reduzir a produção e consumo de gases de alto impacto climático utilizados em refrigeradores e condicionadores de ar em 80% nos próximos 30 anos”.
Nesse sentido, prossegue o especialista, a hidrofluorolefina (HFO) R-1234yf vem dominando o mercado de eletrificados leves, médios e pesados como o fluido refrigerante preferido para bombas de calor, devido ao fato de não ser nociva à camada de ozônio e possuir baixo potencial de aquecimento global (GWP, na sigla em inglês).
“Essa substância também está sendo amplamente adotada nas montadoras e no mercado de reposição de outros tipos de veículos, principalmente na Europa e na América do Norte. Nos EUA, especificamente, nove em cada dez carros em circulação – ou seja, 80 milhões de veículos – já utilizam o R-1234yf em seus sistemas de ar condicionado”, informa.
“Isso ocorre em função das inúmeras vantagens desse fluorproduto, como baixo ponto de ebulição, o que o torna ideal para desempenho em climas frios; alta temperatura crítica, o que o torna eficaz em temperaturas ambientes elevadas; capacidade de refrigeração semelhante à do hidrofluorcarbono (HFC) R-134a; e alta performance ambiental”, diz.
Fonte: Blog do Frio
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